quinta-feira, 28 de maio de 2009

um filme bobo, uma concha, alguns sonhos...

um filme bobo me fez chorar,
boba eu de acreditar o que ele me diz.
como será quando eu envelhecer?
espero viver sobre conchas e belezas,
perto de um mar transparente
onde eu possa sair da concha
encontrar minhas forças
sacudir os pés
descobrir lugares em mim
aprender a sonhar
a trocar os pensamentos
mudar minha lingua de origem
cultivar agua-viva.
preciso te contar um segredo,
mas o ar voltou a falhar
será que é preciso tanto medo?
quando acho que mudei
percebo a mesma forma
muda-se os espaços
ficam os detalhes,
eu sou essa concha
eu sou essa beleza
eu sou essa que sente medo,
e as vezes chora num filme bobo
desses feitos só pra chorar,
e
eu?
fui
feita
pra que?
apenas envelhecer?

quarta-feira, 20 de maio de 2009

moluscos e homens....

"(...)Piaget, antes de se dedicar aos estudos da psicologia da aprendizagem, fazia pesquisas sobre os moluscos dos lagos da Suíça. Os moluscos são animais fascinantes. Dotados de corpos moles, seriam petiscos deliciosos para os seres vorazes que habitam as profundezas das águas e há muito teriam desaparecido se não fossem dotados de uma inteligência extraordinária. Sua inteligência se revela no artifício que inventaram para não se tornarem comida dos gulosos: constróem conchas duras – e lindas! - que os protegem da fome dos predadores. Ignoro detalhes da biografia de Piaget e não sei o que o levou a abandonar seu interesse pelos moluscos e a se voltar para a psicologia da aprendizagem dos humanos. Não sabendo, tive de imaginar. E foi imaginando que pensei que Piaget não mudou o seu foco de interesse. Continuou interessado nos moluscos. Só que passou a concentrar sua atenção num tipo específico de molusco chamado “homem“. Se é que você não sabe, digo-lhe que muito nos parecemos com eles: nós, homens, somos animais de corpo mole, indefesos, soltos numa natureza cheia de predadores. Comparados com os outros animais nossos corpos são totalmente inadequados à luta pela vida. Vejam os animais. Eles dispõem apenas do seu corpo para viver. E o seu corpo lhes basta. Seus corpos são ferramentas maravilhosas: cavam, voam, correm, orientam-se, saltam, cortam, mordem, rasgam, tecem, constróem, nadam, disfarçam-se, comem, reproduzem-se. Nós, se abandonados na natureza apenas com o nosso corpo, teríamos vida muito curta. A natureza nos pregou uma peça: deixou-nos, como herança, um corpo molengão e inadequado que, sozinho, não é capaz de resolver os problemas vitais que temos de enfrentar. Mas, como diz o ditado, “é a necessidade que faz o sapo pular“. E digo: é a necessidade que faz o homem pensar. Da nossa fraqueza surgiu a nossa força, o pensamento. Parece-me, então, que Piaget, provocado pelos moluscos, concluiu que o conhecimento é a concha que construímos a fim de sobreviver. O desenvolvimento do pensamento, mais que um simples processo lógico, desenvolve-se em resposta a desafios vitais. Sem o desafio da vida o pensamento fica a dormir... O pensamento se desenvolve como ferramenta para construirmos as conchas que a natureza não nos deu.(...)"

RUBENS ALVES

"sobre moluscos, conchas e belezas..."

"(...)Penso que, desde que o objetivo da educação é permitir que vivamos melhor, nossas escolas deveriam tomar a natureza como sua mestra. Assim, já que tanto falam em Piaget, imaginei que poderiam adotar as conchas como símbolos – afinal de contas, foi no estudo dos moluscos que o seu pensamento sobre educação se iniciou... - posto que nelas se encontra, em resumo, toda uma filosofia: foi o espanto diante das conchas que me fez filosofar... E quando, perguntados por pais e alunos sobre as razões de serem as conchas os símbolos da escola, os professores teriam uma ocasião para lhes dar a primeira aula de filosofia da educação: “O objetivo da educação é ensinar as novas gerações a construir casas. É preciso que as casas sejam sólidas, por causa da sobrevivência. Para isso as escolas ensinam a ciência. Mas não basta que nossas casas sejam sólidas. É preciso que sejam belas. A vida deseja alegria. Para isso as escolas ensinam as artes. É preciso educar os sentidos.“Hume, ao final do seu livro Investigação sobre o entendimento humano, propõe duas perguntas, somente duas, que, se feitas, produziriam uma assepsia geral do conhecimento. De forma semelhante, e inspirado pela sabedoria dos moluscos e suas conchas, quero propor duas perguntas a serem feitas a tudo aquilo que se ensina nas escolas. Primeira: isso que estou ensinando, é uma ferramenta? Tem um uso prático? Aumenta o poder do meu aluno sobre o mundo que o cerca? De que forma ele pode usar isso que estou ensinando como ferramenta para construir a sua concha, a sua “casa“? Segunda: isso que estou ensinando contribui para que o meu aluno se torne mais sensível à beleza? Educa a sua sensibilidade? Aumenta suas possibilidades de alegria e espanto? Concluo com as palavras de Hume: se a resposta for negativa, então, “que seja lançado ao fogo“ – porque nada tem a ver com a sabedoria da vida. Não passa de tolice e perda de tempo..."

RUBENS ALVES

(Folha de S. Paulo, março/2002)

sexta-feira, 8 de maio de 2009

eu tambem quero ir embora!

professora, eu quero ir embora!

e agora?

o que eu faço com minha aparente impotência?

escrevo para as "minhas crianças",
escrevo o que sinto por elas,
esse sentimento de impotência,
e da minha "briga" para que elas possam ser o que sao, crianças!

hoje meu menino segurou no meu pé e sem falar nada, pediu um carinho,
minhas meninas falaram de amor, do jeito delas, mas sem saber elas falaram de amor,
de um jeito bem torto, um baixinho de olhos bem pequeninos sem dizer
pediu para que eu corresse atras dele, era uma brincadeira
e no final pediu um abraço,
hoje meu menino olhou nos meus olhos e pediu para ir embora,
nao dali, mas embora da vida que ele levava,
ele me disse um monte de coisas que só adultos deveriam saber ou viver,
e depois chorou.
e depois eu chorei.
alguns meninos e meninas faltaram....
mas o calor nao faltou,
e no final da tarde ganhei um sorriso,
e ganhei um cansaço sem tamanho.
mas esse cansaço cabe em mim,
como cabe a esperança
cabe a vontade
cabe o choro quando ele vem.

eu tambem quero ir embora com vocês!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

o que tem pra entender??

quero pegar minha mochila e sair por aí....acho q eu sou do mundo e das crianças!

ando duvidando da existencia de deus... é forte falar isso....eu continuo com fé nas pessoas, com esperança....mas será que existe mesmo deus?

um amigo me disse que na hora certa eu vou entender...
mas o que tem pra entender?
eu nem quero achar um fim...um meio...só quero encontrar o começo...
sao coisas minhas...quando chego em casa eu penso...
precisamos de coisas concretas, objetivas....
precisamos de um amor objetivo...um carinho concreto....

minha sensibilidade é diferente,
porque meus olhos variam de cores
queria poder descobrir o som que chega aos nossos ouvidos
vibrar em emoçoes
tocar em sentimentos
e no que mais provoca meus sentidos
apoiar meu corpo em algum lugar macio...

quero misturar as texturas
perceber as diferenças
provocar um sorriso certo
deixar perto
coisas que nos assustam
segurar no colo
balançar um coraçao...
sentir segurança
mesmo sendo insegura...


depois de tantas duvidas e dividas...
eu ainda penso:

" a ultima coisa a morrer é a nossa sensibilidade"

e ela anda falando por mim....